As 12 Camadas da Personalidade Humana
O Caminho da Autodescoberta segundo Olavo de Carvalho
Olá a todos, minha honra poder compartilhar esse estudo com vocês, sejam bem-vindos ao meu segundo artigo, e espero que aproveitem.
Hoje vamos falar sobre as 12 camadas da personalidade, uma teoria desenvolvida por Olavo de Carvalho, motivada pelo conhecimento e análise das motivações das pessoas. O objetivo da teoria é entender qual motivação nos faz agir, sendo basicamente uma análise das fases da vida.

E para que servem essas camadas?
Além de entender o que motiva as pessoas e o que causa dor, você vai entender a si mesmo.
Elas servem para identificarmos em qual etapa da vida estamos, identificando a causa de nossos sofrimentos e o principal objetivo ou motivação na vida.
Outro benefício é a previsibilidade dos desafios das camadas seguintes.
Antes de começarmos, vamos entender a definição de pessoa: uma pessoa está sempre instalada em um lugar e sempre possui um projeto de vida, uma intenção própria.
As pessoas também possuem um mundo interior vasto. Quando olhamos para alguém, é impossível saber o que realmente se passa em seu interior, a menos que ela fale. O mundo interior de cada pessoa é dinâmico, não é estático e tende à felicidade ou à infelicidade.
Ela é a singularidade de um indivíduo em seu comportamento, pensamento e emoção, moldada por fatores genéticos, experiências de vida e influências sociais.
Quanto menos personalidade, mais genérica é a pessoa, com motivações mais genéricas, ou seja, um “NPC”.
Quanto mais personalidade, mais singular é a pessoa, muito mais única, com motivações mais específicas.
E é nesse aspecto que entra a teoria das 12 camadas da personalidade humana. À medida que as camadas mudam, a intenção ou motivação da pessoa com sua ação também muda.
Em cada camada, as pessoas absorvem os acontecimentos do mundo de forma diferente, filtrando o que vai ingressar em sua psique. Da mesma forma, muda-se como se manifesta e como reage aos acontecimentos.
Ela é o que dá a finalidade dos atos, ou seja, dita o objetivo das ações e a razão de se viver.
Em cada camada, há preocupações e tensões, que são eternas e não desaparecem. Quando se muda de camada, não se deixa de sentir o que era da outra. Elas apenas deixam de ser o elemento central.
As camadas seguintes absorvem os objetivos e sofrimentos das anteriores.
Além disso, os objetivos das camadas seguintes são sempre incompreensíveis para os indivíduos nas camadas anteriores.
Antes de vermos cada uma das 12 camadas da personalidade humana, é preciso entender que a mudança entre elas ocorre apenas quando a personalidade inteira muda, ou seja, o objetivo de vida da pessoa torna-se outro, todas as energias voltam-se para uma nova realidade.
Em cada mudança de camada, notaremos um novo padrão de autoconsciência. Estas motivações correspondem a uma escala de evolução individual e cronológica.
Camadas Integrativas: As camadas 1, 2, 5, 6, 8 e 11 fecham a personalidade em um quadro definido.
Camadas Divisivas: As camadas 3, 4, 7, 9, 10 e 12 abrem a personalidade para que ela receba influências externas, que rompem o equilíbrio antecedente. Nelas, há uma luta por uma nova integração, que será superior.
Todas as camadas até a 8 estão presentes em todo indivíduo adulto normal, porém nem todos alcançam as próximas.
a medida que lerem vão perceber também que existem muitos adultos ainda na quarta camada.
Para descobrir rapidamente a camada em que alguém ou você se encontra, basta perguntar: “Onde dói ?” Cada camada tem um sofrimento próprio e, ao ser descoberto, revela também a motivação da pessoa.
As 12 camadas da personalidade, segundo o professor Olavo de Carvalho, são:
Astrocaracterologia, Psicologia do destino, Aprendizado, Afeto interior, Autodeterminação do Ego, Conquista de habilidades, Papel social, Eu diante da Morte, Vida intelectual, Vida Moral, Eu histórico, Eu diante de Deus.
1 Astrocaracterologia
Nesta camada, dominamos o corpo buscando a unidade. Aqui aprendemos a controlar os braços, pernas, aprendemos a caminhar, dormir e acordar.
O sofrimento dessa camada também envolve o corpo: dores físicas, fome, sono, deficiências, doenças, etc.
O objetivo nesta camada é dominar nossa constituição física, a unidade e controle do nosso corpo.
2 Psicologia do destino
Ao teorizar sobre o inconsciente familiar, é como se pensássemos em uma árvore genealógica pelas gerações. Ela começa nos parentes que vieram antes de nós e se desenrola até o presente momento conosco. O recém-nascido sofre o impacto das condições físicas externas e adversas ou de tendências mórbidas de sua hereditariedade. Já aconteceu de você se perceber agindo de uma forma e nem saber o porquê, além de notar que seus antepassados também faziam o mesmo? As pessoas estão inclinadas a repetir o que seus pais e avós fizeram; essa é uma camada que nos acompanha por toda a vida, pois acontece uma personalização de gostos, desejos e preferências. Em resumo, esta camada também está fora de seu controle, como a primeira. Não há como escolher não herdar os desejos e tensões dos antepassados. É possível escolher como lidar com eles, o que é diferente e garante sua liberdade.
Essas duas camadas apresentam tensões que estarão sempre conosco: um corpo que se manifesta de um certo modo e uma herança familiar. São um material bruto e o que virá será construído sobre este substrato, sobre esta realidade que nos forma e da qual não há como escapar.
O sofrimento dessa camada são os problemas hereditários que não estão sob nosso controle.
O principal objetivo nesta camada é provar e gostar das experiências vividas, a partir de sensações dos sentidos, como o paladar, as texturas e as cores.
3 Aprendizado
Nesta camada surge pela primeira vez uma motivação consciente, a do conhecimento primário. Não se trata do aprender para se gabar ou para se sentir bem; nesta camada, o indivíduo quer simplesmente conhecer por conhecer. No desenvolvimento infantil, a etapa dos “porquês” é fundamental. Seu mundo é um mundo de descobertas.
Quando a criança começa a brincar e descobrir como o mundo funciona, ela está iniciando uma relação com a realidade. Esse aprendizado não é delimitado pela hereditariedade ou pelas condições físicas. Nada disto influencia as oportunidades de aprendizado ou determina a capacidade de absorver as coisas. O aprendizado desta etapa é básico: como articular membros, musculatura, fala e sua extensão, etc.
Pense em uma criança que não come tudo no prato e desperdiça os alimentos. Um discurso sobre a fome na África não tem efeito nenhum, pois ela não entende conceitos, não sabe o que é a África, a fome, o dinheiro nem consequências. Por isso é importante conhecer a teoria das 12 camadas da personalidade humana, para não tentar motivar uma pessoa de um modo que não faça sentido. Temos que entender com quem se está falando para tocar as motivações certas. A motivação básica da criança é organizar o mundo; por isso, até aproximadamente os 6 anos de idade, elas precisam do mundo material organizado, e não de conceitos. Precisam de ordem, alimentação, higiene e sono.
O Sofrimento desta camada tem a ver com o sucesso ou o fracasso no aprendizado. Não há traumas e a duração da dor é curta, pois a evolução natural do indivíduo a supera. São dificuldades vencidas com o tempo, exercícios e nutrição, principalmente.
O objetivo principal é exercer a liberdade no seu aprendizado, para poder entender como as coisas funcionam.
4 Afeto interior
Aqui nos damos conta da felicidade ou infelicidade, onde na infância não é uma questão consciente. Essa camada nos apresenta o surgimento do mundo da afetividade, a percepção de um certo sofrimento, uma certa carência, que surge de um afeto não preenchido ou não recebido. Isso acontece na chamada segunda infância, na pré-adolescência em geral. Se a pessoa não tiver recebido um tipo específico de afeto de seus pais ou parentes, ela terá problemas na adolescência e na vida adulta, tendendo a ficar vitimista, a levar questões objetivas para o pessoal e a ver como sendo especiais as demais, como se o mundo girasse em torno delas, além de se sentirem ofendidas e injustiçadas com facilidade.
Qual é este afeto que não pode faltar para que a quarta camada seja superada?
É preciso que os pais ou parentes próximos ofereçam um afeto abnegado, constante, gratuito e benévolo. Pela primeira vez surge a questão da felicidade e da infelicidade. Ela não surge mais cedo porque é natural que sejamos felizes.
Pensa-se também: Sou amado ou rejeitado? A motivação aqui é o sentimento pelo afeto ou carinho do outro. Por isso notamos o vitimismo, no qual tudo o que acontece é levado para o lado pessoal, sentimental, autorreferente. A pessoa se vê de uma forma especial, com direito a praticamente tudo, em sua concepção, as pessoas devem servi-la.
Nesta camada é que se conquista a estabilidade dos afetos interiores, para que se viva objetivamente no mundo sem viver tudo sentimentalmente de forma vitimista, colocando-se no centro e querendo que tudo o que os outros façam, necessariamente, nos faça sentir bem.
O Sofrimento dessa camada envolve perceber se ela se sente feliz ou não, e o sentimento de rejeição. O maior problema é chegar à maturidade com necessidades esquecidas, com o sentimento de rejeição.
O principal objetivo é encontrar aceitação e a segurança emocional.
5 Autodeterminação do Ego
Nesta camada, buscamos ter orgulho de nós mesmos, quando notamos que somos autores de nossa própria vida. O mundo é visto de maneira concreta e objetiva, e não mais com sentimentos. O objetivo é aqui encontrar obstáculos para validarmos nossa força, encontrando obstáculos para enfrentar. Aqui o foco não é mais ser amado, e sim ter respeito por si mesmo.
O sofrimento dessa camada é a falta de capacidade pessoal, envolvendo o sentimento de se sentir um perdedor por sua falta de capacidade pessoal. Mas não é sobre o que os outros pensam ou falam de você, mas o que cada um pensa de si mesmo.
Por isso o principal objetivo é vencer disputas e ganhar autoconfiança.
6 Conquista de habilidades
Nesta camada, o nosso objetivo é buscar resultados materiais, trabalhando para ganhar dinheiro. A motivação é pagar as contas e nos sustentar, ou sustentar a família, não é receber elogios ou vencer disputas para se validar, mas o resultado material de nossas ações, literalmente dindin no bolso.
Por exemplo, aqueles que estão na 6 camada ouvem críticas e buscam se aprimorar para atingir melhores resultados, ao contrário da 4 camada que ouve críticas e se sente magoado.
O sofrimento dessa camada são os prejuízos objetivos e materiais, como não conseguir pagar contas.
O principal objetivo nessa camada é ter resultados práticos e positivos, lucro e sustentabilidade.
7 Papel social
Após conquistar habilidades, o sujeito consequentemente conquista seus resultados objetivos, e dessa forma, ele passa a entregar valor à sociedade. Nessa camada, a motivação passa a ser a de entregar algo à sociedade, percebendo que tem um papel social, não se trata mais de dinheiro, e sim da sua razão de existir, o seu lugar no mundo.
Muitos possuem papéis sociais por causa do cargo, mas não da habilidade. São médicos e não sabem exercer a medicina, advogados e não sabem exercer o direito, políticos e não sabem exercer a política. Não estamos falando de cargos.
Quem alcançou a sétima camada da personalidade domou suas habilidades intrínsecas e é capaz de cumprir seu dever.
A motivação não é servir à sociedade para se sentir bem ou para ser remunerado. O sujeito entende que seu trabalho pelos outros é o seu lugar no mundo.
Na sétima camada, o indivíduo já sabe com maior profundidade quem ele é no mundo, sabe qual é o seu papel social. O cumprimento de seu dever é a manifestação de seu amor, que não é um sentimento, mas sim uma atitude.
O sofrimento dessa camada é não conseguir cumprir o papel que a pessoa sabe que deve, é causar dor aos outros por ter falhado no seu dever.
O objetivo principal é compreender quem se é no mundo e se sentir bem com isso.
8 Eu diante da Morte
Quem somos diante da morte? Aqui o indivíduo percebe se o seu dever tem ou não um valor diante da morte. Aqui você conserta o que fez até o presente ou confirma-o.
O indivíduo encontra-se diante da finitude de sua vida e é convidado a refletir: “Este sou eu e permanecerei fazendo isso até meu último dia. O que faço possui valor mesmo sabendo que minha vida vai acabar, tem sentido mesmo diante da morte?” Ou irá pensar: “O que foi que eu fiz da minha vida?”
Nesta camada, a noção de verdade é realmente aprendida e, consequentemente, a reflexão entre o bem e o mal.
O sofrimento dessa camada é o sofrimento consigo mesmo, o peso de julgar a vida inteira culpando-se a si mesmo.
O principal objetivo nessa camada é encontrar o sentido diante da morte.
9 Vida intelectual
Chamada de Personalidade Intelectual, as pessoas se dedicam a descobrir a verdade. Não é apenas estudar, mas sim viver imerso na busca pela verdade. Mesmo quem não sabe ler pode fazer parte dessa camada.
O objetivo é resolver problemas e entender a verdade, mesmo que isso incomode os outros.
O sofrimento surge quando não conseguimos resolver problemas intelectuais e nos sentimos inseguros.
O principal objetivo é criar coisas novas e compartilhar nossa forma de ver o mundo com a sociedade.
10 Vida Moral
Chamada de Eu Transcendental, as pessoas focam na vida moral. Depois de conhecer a verdade, passam a viver e agir de acordo com ela. A pergunta central é: tudo o que faço na minha vida está em sintonia com a verdade?
Antes disso, a importância dessa pergunta era menor. Agora, percebemos que podemos agir de maneira má e fora da verdade. Nessa camada, nos vemos como representantes da espécie humana, conscientes de nossos atos e responsáveis por eles. O objetivo é obedecer às próprias regras, e até mesmo estar disposto a morrer por elas.
O sofrimento surge quando percebemos que agimos de maneira imoral, causando um impacto profundo em nossa história pessoal. Um rasgo em nossa própria biografia.
O principal objetivo é obter poder para influenciar a sociedade com nossas ideias e valores.
11 Eu histórico
Chamada de Personagem, as pessoas que agem de forma moral ao longo do tempo alcançam a camada do "eu histórico". Isso significa que suas ações deixam uma marca na história, independentemente do tamanho delas. Elas percebem que as ações verdadeiras e morais não se encerram com a morte; elas permanecem.
A motivação dessa camada é criar uma personalidade duradoura ao longo do tempo, com ações que fazem parte da história e contribuem para a evolução da humanidade. Essas ações são julgadas pela sociedade, pois mudam o curso da história. Não são avaliadas pelo que é popular ou prático no momento, mas sim pelo impacto futuro.
O sofrimento nessa camada ocorre quando as ações não alcançam impacto histórico, falhando em modificar o rumo das sociedades.
O principal objetivo é mudar conscientemente o curso da história com suas ações que deixam uma marca significativa. Exemplos incluem figuras históricas como Getúlio Vargas, Napoleão Bonaparte, George Washington, Lênin, Alexandre, Marcos Aurélio, Sêneca e muitos outros.
Na 12ª e última camada da personalidade, chamada de Destino Final, as pessoas buscam agir constantemente diante de Deus. Neste estágio, não se trata apenas de encarar a morte, mas de se ver diante de um observador que conhece tudo, Deus, o destino final.
Mesmo que muitas pessoas tenham religião, frequentem templos e sigam rituais, quando chegam em casa se preocupam em pagar suas contas, por exemplo.
A motivação predominante nesta camada não é apenas a fé em Deus. Aqui, o indivíduo precisa responder pessoalmente diante de um ser infinito, considerando cada ato sob uma perspectiva eterna. O principal objetivo é alcançar a redenção.
Na 12ª camada, ocorre o encontro com o sentido da vida, aceitando o sofrimento inevitável por amor a Deus. Santos católicos, por exemplo, seriam enigmáticos sem considerar Deus em suas ações. Exemplos de pessoas que alcançaram essa camada incluem Jesus, Gandhi, Sidarta Gautama, Moisés e Maomé.
O sofrimento nessa camada é decepcionar a Deus ou não corresponder a Ele, causando angústia pela humanidade.
O principal objetivo é buscar a redenção, buscando viver de acordo com os princípios divinos.
Por que acreditar nessa teoria?
O ouvinte percebe que é verdade quanto mais ouve e entende. Isto ressignifica sua vida. A teoria não permanece teórica, pois está ancorada em fatos, ela está adequada à realidade.
A teoria das 12 camadas da personalidade não cria fenômenos imaginados, mas organiza os que existem e que já são percebidos.
Conclusão
As 12 camadas da personalidade fecham o ciclo de uma vida humana. Explicam a vida daquele que possui um corpo, se manifesta, aprende, supera sua necessidade afetiva, confronta o mundo em busca de vitória, conquista habilidades úteis, descobre um dever social, vê-se diante da morte, busca a verdade, busca a vida moral, constitui um “eu histórico” e alcança a transcendência diante de Deus.
Quanto mais avançado nas camadas, mais singular é o indivíduo, mais pessoal, mais único, e menos genérico, mais diferenciado das massas, ou seja, menos parecido com um “NPC”.
Espero que este artigo tenha sido útil e que possa ajudá-lo de alguma forma em sua vida. Até a próxima!
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